As fortes chuvas que caíram e continuarão a cair, principalmente, na Região Sul da Bahia, e em quase todos os Estados do Sudeste desnudam a falta de investimentos dos governos federal e estaduais em relação a obras de prevenção e de infraestrutura para conter os esperados desastres que, fatalmente, se seguem nesse período de chuvas. Na Bahia, 25 pessoas perderam a vida e outras 517 estão feridas depois das chuvas que caíram no início do ano. Em São Paulo, 24 pessoas também morreram e outras 1,5 mil estão desabrigadas pelos mesmos motivos.

Jair Bolsonaro esteve hoje, dia 1 de fevereiro, na cidade de Francisco Morato, SP (onde 4 pessoas perderam a vida) para ver o estrago provocado pelas chuvas. E, novamente, surpreendeu a todos. Disse que não irá liberar os R$ 471,8 milhões solicitados pelo governo do Estado para atender aos municípios atingidos pelos temporais. Mas, vai atender às demandas individualmente e com cada Prefeito. “Apresentem suas necessidades e nós faremos todo o possível para atendê-los", declarou. Só que Bolsonaro esqueceu-se de apontar se há orçamento liberado para atender as demandas, nem quando o valor será repassado para as prefeituras. Após o demagógico discurso, saiu em carro aberto a passeio pela cidade, acenando para as pessoas como se estivesse em plena campanha política.

Não podemos aceitar a negligência, a incompetência e a politicagem das autoridades e naturalizar a morte, o desabrigo e o desalento nessas circunstâncias.

A Federação Estadual dos Trabalhadores em Educação do Estado de São Paulo (FETE-SP) repudia veementemente o comportamento e as declarações de Bolsonaro e a falta de investimentos em infraestrutura, em políticas públicas e habitacionais, entre outras faltas, do seu governo. A visão tortuosa e preconceituosa do presidente saltam os olhos e causam asco.

"Lamentamos as mortes. Sabemos que, muitas vezes, as pessoas constroem a sua residência por necessidade em um local que, 10, 20, 30 anos depois, o tempo leva a desastres", afirmou o presidente. “Muitas áreas onde foram construídas residências, faltou obviamente alguma visão, por parte de quem construiu, de futuro. Bem como por necessidade também, as pessoas fazem nessas áreas de risco", continuou.

Ora, sr. Presidente, é evidente que ninguém constrói uma casa em uma área de risco porque quer. Mas, só a fazem por absoluta falta de políticas públicas e habitacionais que o seu governo insiste em não oferecer. E, que por questão ideológica, recusa a assistir brasileiros atingidos pelas chuvas, principalmente nos Estados do Nordeste.

 

Nilcea Fleury

Presidenta da FETE-SP

Diretoria da FETE-SP